Igreja da Misericórdia alvo de “profunda requalificação”
Igreja da Misericórdia alvo de “profunda requalificação”
A Igreja da Misericórdia, em Monção, está a ser alvo de uma “profunda requalificação”. Uma obra há muito almejada pela Santa Casa da Misericórdia de Monção (SCMM) que decidiu avançar com a intervenção, cujo investimento irá superar 1 milhão e 100 mil euros.
Os trabalhos arrancaram há dias e vão ser apoiados em 200 mil euros pelo Fundo Rainha D. Leonor, criado pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, em parceria com a União das Misericórdias Portuguesas, para apoiar os valores e as atividades das Misericórdias de todo o País, no princípio da autonomia cooperante.
“Vai ser feita uma intervenção muito profunda quer na estrutura em si, quer no restauro e na conservação. Toda a Igreja vai ser intervencionada de baixo até cima”, explicou à Ecos da Raia o Provedor da SCMM, Armindo Ponte. “Irá levar um telhado novo, todo o teto irá ser restaurado, as paredes e o próprio chão também irão ser intervencionados”.
Avizinha-se um trabalho árduo pela frente. A Rádio Vale do Minho falou com a equipa técnica, que assumiu esta obra como “um grande desafio”. Isto porque estamos a falar de um templo que nasce a partir do século 16 “e que depois foi tendo acrescentos ao longo dos séculos seguintes”.
“É preciso analisar e perceber que materiais foram utilizados para manter a máxima fidelidade”, referiu a equipa com ar entusiasmado.
Imagem da Virgem das Dores continua visitável
Contas feitas, vão sair 900 mil euros dos cofres da Santa Casa da Misericórdia de Monção. O abatimento poderá levar “alguns anos”, admite o Provedor sem descartar o aparecimento de “algumas surpresas” que poderão aumentar ainda mais o valor total do investimento.
A instituição espera conseguir ajuda de toda a comunidade “através de esmolas e ofertas”. “Contamos também com o apoio do Município e esperamos que seja uma realidade, embora com consciência de que os Municípios estão mais voltados para a área social”, frisou Armindo Ponte.
O objetivo, reiterou, é renovar “uma Igreja que estava completamente degradada”. Incluindo as próprias imagens. Entre estas, aquela que é a mais icónica e mais venerada em todo o concelho: a Virgem das Dores.
“A imagem da Virgem das Dores irá ter uma ligeira intervenção e é a única que poderá ser visitada nesta altura da Páscoa. Está aqui ao lado da Igreja onde em tempos funcionou a capela mortuária”, informou o Provedor.
O prazo de execução dos trabalhos é de 10 meses. Armindo Ponte acredita que a obra estará concluída no final deste ano “por alturas do Natal”.
Mais de 400 anos de história
A primeira referência à Misericórdia de Monção consta de um alvará de 1576 em que D. Sebastião autorizava que lhe fosse anexada a ordem e gafaria de S. Gião.
Situada na Praça Deu-la-Deu, em pleno centro histórico de Monção, a Igreja encontra-se anexada à Casa da Irmandade.
Foi construída em alvenaria autoportante de granito com paramentos rebocados e pintados a branco, embora o embasamento, os cunhais, as cornijas, molduras e ornamentos tenham pedra à vista. Tem a planta composta por nave e capela-mor retangulares e cobertas de duas águas.
Salienta-se a sua fachada principal, orientada a norte, o amplo portal muito semelhante ao da Paroquial da freguesia de Mazedo, também neste concelho, arco pleno estriado assente em impostas que repousam sobre pés direitos também estriados e enquadrado por dois pares de pilastras jónicas sustentado o entablamento.
Este é encimado por frontão de enrolamentos interrompido para alojar o nicho da padroeira ladeada de dois óculos avalizados com molduras decoradas.
O seu interior, com nave e capela-mor, é um espaço sacro repleto de obra em talha de referência. O retábulo-mor em estilo nacional com as suas arquivoltas assentes em pares de colunas espiraladas encerra a tribuna onde no cimo do trono se encontra a imagem de Nossa Senhora da Misericórdia.
Um outro retábulo aloja a imagem do Senhor da Cana Verde, de grande devoção popular.